Serviço social ou voluntário: o que são?

Professora assistente social da Braz Cubas explica a diferença entre serviço social e voluntário, apontando a importância de ajudar quem precisa durante as crises geopolíticas e humanitárias

Vivemos tempos difíceis e que normalmente refletem principalmente na população mais vulnerável, e apesar de ser um direito de todos o acesso a bens como saúde, educação, cultura, moradia e outros, a realidade de muitos é de falta de acesso e oportunidades. O mundo capitalista reflete disparidades e desigualdades profundas em todo o planeta, e para quem deseja ajudar a sociedade a ser mais igualitária, o voluntariado ou o Serviço Social aparecem como duas possíveis formas.

No entanto, muitas pessoas confundem o trabalho do assistente social com o da pessoa que se voluntaria a uma causa, apesar de ambos buscarem a superação das desigualdades sociais.

Segundo a professora mestra de Serviço Social do Centro Universitário Braz Cubas, Wilma Regina Enéas, o assistente social busca colaborar, por meio de várias ferramentas interventivas e multidisciplinares, para que o usuário tenha acesso a direitos sociais e a políticas públicas e sociais, equilibrando a “balança do capitalismo”.

No Brasil, o serviço social foi institucionalizado no fim dos anos 1930 para substituir o assistencialismo feito majoritariamente por instituições religiosas. E longe do que muitos pensam, seu escopo é bem mais abrangente que antigamente.

“O Serviço Social tem como objetivo intervir, modificar, adaptar, melhorar e superar o que nós chamamos de expressões da questão social, que são todas as disparidades que existem no mundo capitalista entre aqueles que o comandam, que são os burgueses, e aqueles que o fazem o capitalismo acontecer, o proletariado, mas que não têm acesso aos bens que produzem”, assinala.

Já o trabalho voluntário institucionalizado, nas conhecidas instituições do Terceiro Setor, segundo a professora, nasce por volta dos anos 1970 com o surgimento das Organizações Não Governamentais (ONGs), que surgem em resposta às políticas neoliberais que vinham sendo implantadas em todo mundo capitalista e tinham como objetivo isentar o Estado da responsabilidade do cuidar daquilo considerado como “do campo social”. A regulamentação das ONGs hoje comporta vários profissionais técnicos, incluindo o serviço social. “O voluntariado está sempre muito perto do serviço social. E tem seu lado positivo que é o trabalho ao lado do ser humano”, considera.

Mas qual é a importância de ajudar e exercer uma ação social em meio às crises humanitárias e geopolíticas atualmente?

A professora de Serviço Social da Braz Cubas ressalta que é fundamental exercer uma ação social diante da instabilidade econômica e política que o mundo vive.

“Quando pensamos em crises humanitárias e geopolíticas, as ações sociais são essenciais para trazer conceitos ímpares que ajudam a cuidar do humano e salvar aquilo que realmente nos define enquanto sociedade humana, que é a coletividade. Portanto, as pessoas têm a possibilidade de enxergar a dor do outro, de desenvolver a sua condição empática, aprender que você não precisa passar pelo mesmo que o outro está passando. As ações sociais aproximam pessoas que estão em sofrimento, alguma atitude que ajude quem perdeu suas casas, filhos, ou que sofreram violência estrutural, urbana e cultural, e de forma voluntária transformar essas vidas”, enfatiza Wilma.

Além do trabalho voluntário, a professora aponta que os assistentes sociais desempenham um papel fundamental diante das crises humanitárias e geopolíticas. “O assistente social é formado para lidar com a dor humana e intervir politicamente para sobrevivência do humano. E, com isso, há várias ações, como o atendimento direto para entender o que aconteceu com a comunidade e direcioná-la para algo que atenda a sua necessidade, seja um lar, comida, equipes psicológicas, entre outras”, explica.

Wilma orienta que existem diversas formas de realizar o trabalho voluntário. “Essas ações podem ser desde doações em datas comemorativas, trabalhos em ONGs, asilos, creches e hospitais, a até atos diários de quem deseja ajudar o próximo. Porém, as pessoas precisam entender que o papel do assistente social é diferente, esses profissionais atuam para que essas pessoas tenham comida e acesso às demais necessidades do ser humano sempre. No trabalho voluntário, as ações são pontuais”, finaliza.